segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amar - Elo


um manifesto amarelo
quem me dera ser tão belo

É?

Eu só quero saber o que eu quero

Empuxo

Mergulhou de cabeça

Num oceano

De sonhos antagônicos


Insondável

Insólito

Insistente

Insalubre

Insperado


Submerso. Perdido.


Emergiu aliviado

Em vão, pois embebido


Continuou contaminado.

domingo, 30 de agosto de 2009

De pessoa e coração

e quem sou eu
(submisso)
pra tentar domar
isso
que pulsa assim
involuntário
dentro de mim

sábado, 29 de agosto de 2009

Seja feita a sua

A vontade é o melhor presente que um homem pode receber de si próprio.

(Des)confiança

O futuro vem, o passado vai

Dependendo do que entra

Varia o que sai

Tento me concentrar

Mas minha mente me distrai

E aquele em que mais confio

Desconfio que me trai

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Do amoroso esquecimento

"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?"

Mário Quintana


A simplicidade (complexa) do cotidiano

Estava eu na cozinha de meus tios, sozinho e quieto, cortando queijo prato. Cortando queijo prato num prato. Num prato amarelo. De repente, o som de suaves tilintares se aproximando invadem meus ouvidos e se misturam com as vozes de meus pensamentos. É o som das patinhas magrelas de Sevile tocando o chão. Quando me dou conta ela já está ao meu lado. Lembro-me dela da mesma maneira que me lembro dos meus tios, meus primos, ou Dona Berenice (a dona de Sevile). Lembro-me dela desde sempre. Focinho e orelhas alongados, uma magreza descomunal, cinza (o que denuncia a idade avançada) e duas roupinhas coloridas que parecem bem quentinhas. Ela me fitava com um olhar pidão e opaco. Ela queria o queijo prato que estava no prato. Eu já sabia que ela gostava de queijo. Peguei um pedacinho escolhido a dedo e sem pensar muito atirei na direção de seu focinho, esperando que ela abrisse a boca e já fechasse mastigando o queijo. A cena foi inesperada. Ela não se mexeu. O queijo bateu bem no meio de seu focinho e caiu no chão. Ao mesmo tempo em que fui tomado por um sentimento de decepção, ri sozinho. Depois de um ou dois segundos ela abaixou a cabeça, pegou o queijo com a boca, o engoliu praticamente sem mastigar e retornou a posição que estava. Com o mesmo olhar. E a mesma magreza. E as mesmas roupinhas. E ficou ali até resolver ir embora. Sem ganhar mais queijo.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

I D




olhei pra trás
não enxerguei
os caminhos por onde
passei
mas sei que
de alguma maneira
ficou guardado
pra vida inteira
não no passado
em mim
e só por isso
eu sou assim

É possível

Nem tudo é possível; mas não existem impossibilidades.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Imperfeito

Por mais que você não goste de falar sobre seus defeitos, fale deles. Reconhecer e falar sobre suas próprias deficiências é uma grande qualidade.

Rasante

passou rasante

próximo ao chão

mas foi adiante

sem dizer não

traçou o caminho

e seguiu

e mesmo sozinho

se permitiu

negou o oferecido

que julgou ser errado

e o que fora esquecido

de seu passado

e assim, foi longe



ou ainda está indo...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Incerto

"Você já reparou como nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro?"

Ailin Aleixo

Não em vão

palavras nunca ditas
soam repetidas
quando não são em vão

sábado, 22 de agosto de 2009

Tudo é

A vida é feita de oportunidades.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ponto de vista


Somos um pouco como as briófitas: Gostamos de sombra e água fresca.

Própria experiência

durante essa existência
reconstruímos nossa essência
à cada nova vivência

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Posso

"Eu não quero fazer o que eu posso, eu posso fazer o que eu quero"

Emicida - Ainda ontem

Certas coisas

têm coisas que podem não ser prioridades
mas valem a pena
e coisas que valem a pena
mas não podem ser prioridades

Caminhando

Com as horas passando tão devagar, você nem percebe que os anos voam. E quando se dá conta, já passou batido por muito do que deveria ter vivido. Mas nunca é tarde para começar a viver. Aí você começa a fazer planos. E decide que vai tocar cavaquinho, escrever poesia, abrir seu próprio negócio, viajar pra Alemanha. E fica desapontadíssimo quando alguma coisa não acontece exatamente como você planejou. Besteira, não se preocupe tanto com os resultados, e sim com o trajeto. Um caminho bem traçado trará sempre bons resultados. Não é procurar um final feliz, nem um novo começo. A caminhada é contínua e você só precisa ter certeza que cada passo dado é o melhor que você pode dar. Afinal, por trás dessa arte da vida, que você acredita estar criando por conta própria, existe um outro artista. Um artista latente, e muito mais criativo que você. Você só precisa estar de alma limpa, mente aberta e o corpo pronto. Sentir, pensar e fazer. E deixar acontecer.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Libertas Quae Sera Tamen

"Liberdade - essa palavra,

que o sonho humano alimenta:

que não há ninguém que explique,

e ninguém que não entenda!"


Cecília Meireles - Romanceiro da Inconfidência

Porquerer

não há nada de errado em querer

tenho meus argumentos

“Não quererás”

não estava escrito na tábua dos mandamentos,

nem foi citado na lista dos pecados capitais

então você pode querer sempre mais

mas saiba sempre o quê

mesmo sem saber o porquê

por que?

porque não basta querer

Pensamento

me escuto.

reluto.

dedos engatilhados,

tento

pensar

no que deveria

sentir.

e só me contradigo

porque estou pensando nisso

escrevo sobre isso mesmo

e acabo sentindo

outra coisa.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Manifestação

Palpites, ações e palpitações

É tudo manifestação

Da mente

Do corpo

E do coração

Get Back

Quando se deu conta

Já estava muito longe

De onde, um dia, pertencera

Havia se perdido

Num labirinto

De suas próprias contradições

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Encontrei perdido no meu caderno

"certa vez crescemos sem medo
quando percebemos o tempo
enxergamos que nem fazia sentido
pensar em coisas inesperáveis
nos tornava percpeptível

quando olhamos aqueles que estão presos
compreendemos a nossa meta
libertar quem pode pensar"

A.S.

Bronze

no coração da metrópole

entre buzinas e fumaça

uma alma grita por socorro

não há mais o que se faça

é agora estátua

bronze

sem mais cor de alma

domingo, 16 de agosto de 2009

Verdade

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

Clarice Lispector.

Meias verdades

um passo atrasado

caminho

sem volta

um ato vetado

uma revolta

a palavra dita

dissiparidades

meias certezas

meias verdades

movimento estagnado

nessa pseudoliberdade

o ser degradando

o querer o poder

a justiça espiando


e o mundo girando...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Insustentável

Ela odiava essa época do ano em que cada dia que você acorda está mais frio e mais feio. Nesses dias ela não gostava de sair da cama. Mas isso só acontecia uma vez por semana, no domingo, que era seu dia de folga. O dia trinta de julho de dois mil e nove não era domingo. Era uma quinta-feira. O despertador tocou no criado mudo. Pareceu que o som que a despertava todas as manhãs estava excepcionalmente mais irritante. Ela desejou ter mais cinco minutos para ficar debaixo dos cobertores, mas ela não tinha. Espreguiçou-se esticando ao máximo seu corpo, da ponta dos pés à ponta das mãos. Descobriu-se e levantou num pulo só. Sentiu o frio do dia em seus braços e pernas que o pijama não cobria. Todo seu corpo se arrepiou e ela chegou a murmurar alguma coisa. Foi para o banheiro e sentou-se para fazer xixi. Ao sentir o assento gelado arrepiou-se novamente. Caminhou até a cozinha e colocou a água do café para ferver no fogão. Gastou três fósforos pra isso. Enquanto a água esquentava voltou para o banheiro. Ao se deparar com o espelho não se reconheceu. Seu cabelo estava bagunçado, suas olheiras lhe conferiam um ar de cansada e para piorar a situação, uma espinha daquelas amarelas tinha surgido bem no meio de sua testa. Ela que nunca fora gorda, nem perto disso, se olhou de lado no espelho para avaliar a silhueta de seu corpo. Também não gostou do que viu. Lavou o rosto e fez tudo o que precisava no banheiro sem olhar mais para o espelho. Foi vestir seu uniforme de trabalho. Enquanto colocava a calça que ela achou estar apertada, pensava em como estava gorda e no que poderia fazer a respeito. Só parou de pensar nisso quando começou a pensar em quanto odiava aquele uniforme. Lembrou que quando trabalhava naquela loja do shopping não precisava usar uniforme nenhum. Tudo conspirava para que seu dia fosse ruim. O apartamento era pequeno o suficiente para se ouvir do quarto a água borbulhando na cozinha. Foi até lá e no caminho deu três batidas rápidas na porta que ficava a esquerda no corredor. O tempo que demorou para coar o café e colocar o pão, uma faca, a manteiga, o queijo e dois pratos na mesa foi o mesmo tempo que Lucas, seu filho de 11 anos, levou para se levantar e ficar pronto para o colégio. Todas as manhãs eram assim. Ela batia na porta, preparava o café da manhã e ele chegava na cozinha já pronto, de mochila nas costas. O pai de Lucas não estava em casa. Nunca esteve. Na verdade, Joana nunca esteve bem certa em relação a quem seria o pai de Lucas, mas isso era um segredo dela. Só dela. Até sua melhor amiga e sua mãe tinham certeza de que era Sílvio, seu ex namorado que sumiu quando ela engravidou. Mas Lucas nunca precisou de um pai e Joana nunca precisou de um marido. Os dois juntos eram independentes. Tomaram café assistindo desenho animado, como era o habitual. Lucas sujou sua camisa de café com leite, como era o habitual. Joana fez cara feia, como era o habitual. Depois de escovar os dentes os dois desceram o morro da rua onde moravam até chegar no ponto de ônibus. Pegaram o ônibus que parava bem perto da escola de Lucas, lá eles desceram. Lucas caminhou até a escola e Joana ficou no ponto. O ônibus que ela pegava para ir até o trabalho parou no ponto mas ela não entrou. Ela conseguiu ver os vários rostos conhecidos de pessoas desconhecidas que pegavam aquele mesmo ônibus, assim como ela, todas as manhãs, mas com quem ela nunca havia trocado uma palavra. O ônibus foi embora. Em seguida, parou no ponto um ônibus que ela não vazia idéia de onde viera e nem para onde iria. Embarcou. Naquela tarde a vó de Lucas buscou ele no colégio e eles foram pra casa dela.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Humano

Abri mão de meus princípios

Mas não de meus orgulhos

Não de meus vícios

De meus sonhos

Meus valores

Ambições

Fui ver o que o mundo me guardava

Cansei de esperar o amanhã

Decidi que vou arcar

Com todas as minhas decisões

O medo não foi embora

Mas é bom que permaneça

Para que eu não me esqueça

Que sou real

Que faço parte desse todo ao meu redor

A esperança também fica

Também não pode ir

É meu combustível

Para seguir

O ontem não me assombra mais

Agora só temo o futuro

Besteira de um humano inseguro

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Susinto

sinto,

só sinto.

e me expresso num ato

sucinto.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Em foco, sem foco


natureza vs. homem

Sol de hoje

O Sol de hoje já nasceu

E ela nem percebeu

Foi atrás do Sol de ontem

Que há muito tempo se escondeu


E quando ela volta

Pra dizer que nada achou

É sempre a mesma resposta:

“o Sol de hoje já passou”


E assim ela continua

Atrás do Sol, rumo a oeste

Mas ela só acha a Lua

Enquanto o Sol nasce ao leste

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cai a noite

Cai a noite

Cai a temperatura

Caem uns em tentação

Penso em tudo o que o mundo já viu

Penso em tudo que já caiu

Quantos guerreiros

Quantas edificações

Quantos impérios, governos, nações

Quantas máscaras

Quantos filhos

Quantos pais

E então eu me pergunto,

Quantos mais?

sábado, 8 de agosto de 2009

Passagens

às vezes certezas

são tão passageiras

e as passagens

tão certas


o tempo é curto

o tempo é muito

o tempo que temos

não é mais que precisamos

pra fazer mais que já fizemos

ou mais do que planejamos


certo ou errado

o que passou

é passado

incerto é o futuro

no oceano agitado

ou num porto seguro


e o presente é tudo

é o aqui, o agora

é viver essa vida

não deixar pra outra hora


certezas são tão

passageiras.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Pensador

Penso no que fiz

E no que sinto

Penso no que pode ser

E no que vou escrever

E quando paro de pensar

Penso no que estou pensando

Penso nas palavras

Não só nas que já existem

Penso na vida

No mundo

No tempo

E no espaço

Penso naqueles que amo

Lembro-me de um abraço

Penso nos que já foram

Penso nos que virão

Fujo da solidão

Penso na saudade

E também a sinto

Penso na verdade

Penso, porque minto

Penso em parar

Mas logo ‘despenso’

Penso, logo existo

perdido num pensamento

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não por acaso

Vão tentar te convencer

Que até mesmo o acaso

É obra do destino

E que nada é em vão

Nem um pensamento

Nem um sentimento

Nem o sim

Nem o não

Que cair é bom

Para poder se levantar

E que errar também é bom

Para poder se arrepender

E você pode até achar

Que não no seu caso

Mas não por acaso

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Rocha, Pedro Rocha..

Faz tempo que eu quero começar um blog. Não era coragem que faltava, mas preguiça que sobrava. Agora foi! Aqui pretendo mostrar tudo o que é meu (meninas não se animem). Vou começar a postar meus textos, fotos e tudo mais que for surgindo.
Só pra constar, eu não gostei do link do blog. Ficou parecendo uma coisa meio "Bond, James Bond", mas não era essa a intenção, foi a única saída que eu achei. Não aguentava mais o aviso de "Esse endereço do blog não está disponível". Então vai ficar assim. Beijos a todos, especialmente pra Sasha e pra Xuxa.