segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A verdade sobre a mentira


a mentira sempre começa
na cabeça dos pequenos
e quando ela se espalha
quem sabe mais só sabe menos

que mentira tem perna curta
todo mundo já sabia
mas ninguém imaginava
até onde ela chegaria

tem uns que ainda defendem
que uma mentirinha ajuda
mas o problema da mentira
são as verdades que ela muda



Revolution 1

se os inocentes continuarem calados
eu não vou deixar assim
chamo todos os culpados
para se juntarem a mim

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Contas

me conta algo da vida
e para de me enrolar
me conta algum segredo
que vai me fazer delirar
me conta como
quem
onde
me conta o que

deixa pra lá

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O começo do fim

o que sobrou depois do adeus
foi bem mais que esperança
maior que qualquer lembrança
foram alguns de seus enganos
foi um pouco dos seus planos
que mudou um pouco os meus

"Eu, por mim..."

queria um pouco mais de ti
aqui
ou um pouco mais de mim

um pouco mais da gente
de gente diferente
inteligente
um pouco mais de gente capaz
de gente que faz
um pouco mais de paz
de mais
um pouco mais de tudo que me satisfaz
um pouco mais de mente
que pensa
que está disposta a fazer a diferença
um pouco mais de semente
um pouco mais de presente
um pouco menos passado
menos de tudo que já deu errado
um pouco mais do que dá certo
do que tá certo
um pouco mais de amor por perto
e de tristeza bem distante
um pouco mais de amante
alguma idéia brilhante
um pouco mais de palpite
um pouco menos limite
um pouco mais de mudança
um pouco mais de lembrança
um pouco mais de criança
de esperança
que um dia a gente alcança
um pouco menos vingança
um pouco mais de vontade
um pouco menos saudade
mais amizade
mais disposição
mais gente que estenda a mão
mais comunicação
mais diversão
um pouco mais até de não
contanto que tenha mais sim
um pouco mais de jardim
um pouco menos de fim
um pouco mais de começo
um pouco menor o preço
um pouco menos tropeço
um pouco mais sentimento
conhecimento
um pouco mais de poesia
de fantasia
de anistia
de empatia
um pouco mais de som
um pouco mais de dom
um pouco mais de caminho
um pouco menos sozinho
e antes da partida
eu quero muito mais de vida
                                                                                            

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Tanto faz

não quero parecer
tão apaixonado
tão alienado
tão revoltado
tão animado
tão louco
tão bobo
tão simples
então não vou escrever nada

À toa

essa eu fiz à toa
me surgiu em um segundo
juro que não pretendia
mas achei que era uma boa
pra mostrar pra todo mundo
que é fácil fazer poesia

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A vontade

passarinho veio voando
até a minha janela
me trazer boas notícias
e despertar em mim a vontade
de ficar mais à vontade
passarinho
volte sempre

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Canção do Eu Fico

Minha terra tem contrastes
Que me fazem lamentar
E gente de todas as partes
Indo para o mesmo lugar

Minha terra tem fronteiras
Que servem pra segregar
Minha terra tem bandeiras
Que ainda falta levantar

Minha terra tem sujeira
Bagunça, corrupção
Tem gente de brincadeira
E gente ficando na mão

E assim eu me questiono
Se aqui não tem coisa boa
Por que lá perdem o sono
E por aqui riem à toa?

É porque aqui ninguém faz guerra
Quer-se  paz e faz-se amor
Por isso que essa terra
Também tem o seu valor

Essa terra é diferente
Tem muito que me encanta
Tem todo tipo de gente
De lugar, de bicho e de planta

Por aqui surgem estrelas
Que foram feitas para brilhar
Por aqui passam guerreiras
Que não tem medo de lutar

A música está sempre a tocar
E pra festar não tem hora
E o Sol está sempre a brilhar
Mesmo quando a nuvem chora

Tem muito mais para contar
Que em palavras não explico
E se vier me visitar
Vai saber porque é que eu fico

Desafinado

O melhor que você faz, nem sempre é o que você faz melhor.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Parte I

você é assim, tão clichê
pois tudo que vem de você
qualquer poeta apaixonado
poderia escrever
sem nem te conhecer

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Tudo vai, tudo volta

eu sei que vou encontrar uma saída
uma nova porta de entrada
uma esquina pra escolher pra onde ir
ou só um beco pra me esconder
e chorar
eu sei também
que tudo vai ficar bem
e no final 
das palavras ditas e não ditas
vão ficar só as bonitas
pra lembrar e poder sorrir
pra querer mais e estar tão bem assim
depois de toda dor e toda a mágoa
o sentimento ruim aos poucos se apaga
e fica só a saudade
aquela saudade gostosa
de quem amou
de quem quer bem
de quem nunca vai esquecer
ficam só os perdões
sem lembrar dos porquês
ficam os sorrisos
ficam os abraços
ficam os beijos seus
os meus
os nossos
e cada canto que tem um pouco de nós
e que agora está tão vazio
mas tão cheio de lembrança
cada perfume ou sabor 
que até hoje me traz confiança
ficam os segredos
fica um pouco de medo
medo de amar
de sofrer outra vez
mas quando se para pra pensar
por um segundo que seja
o medo vai todo embora
pois pra viver tudo de novo,
cada momento ao teu lado,
dor bem maior eu enfrentaria
afinal
tudo vai ficar bem
no final

sábado, 7 de novembro de 2009

Contexto

A verdade é a seguinte: todos se acham os donos da verdade.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Falta Pronomes

eu,
ela comigo.
minha,
eu dela.
esse isso
todo nosso.
eu, aquela
onde nada
nos falta

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Amarelo

amarelo
cor do Sol
da camisa do país do futebol
amarelo do medo
amarelo do dedo
amarelo do abacaxi-xi
do canário, do submarino, do ipê, do pica-pau
amarelo no ano novo pra atrair o vil metal
amarelo do jaleco
do boné do boneco
amarelo do miolo da flor
ou amarelo no
lápis de cor
canetinha 
giz de cera
do cabelo do amor
que eu pedi pra vida inteira

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Que é bom

um sentimento bom
um som
um dom
um Tom
bombom
alguma coisa .com
o cheiro da terra marrom
o gosto do seu batom

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Gravity

Viver é sentir o enorme prazer que existe em cada instante que se existe.

sábado, 10 de outubro de 2009

As vezes

às vezes, mais que uma boca;
a palavra dita
às vezes, mais que uma mão;
a palavra escrita
às vezes, mais que um perfume;
uma lembrança confortável
às vezes, mais que um beijo;
um amor, um desejo
às vezes, mais que um som;
um sentimento, um dom

às vezes, mais que um gesto
mais que uma percepção
é a força de um manifesto
da mente ou do coração

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Felicidade Clandestina

a minha felicidade
não vai ser proibida
vai me acompanhar
nos caminhos da vida
não vai ser segredo
eu não vou ter de esconder
e eu não vou ter nenhum medo
do que me possam fazer
a minha felicidade
vai ser alta
e de tamanha beleza
que o corpo vai sentir falta
de um pouco de tristeza

é tão triste
um ser feliz clandestino
ser um feliz clandestino
e a solidão que existe
no coração de menino
e o vazio que insiste
em procurar um destino.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Não fui

eu vim
para ter-me em teus braços
e te ter nos meus
e só de te ver eu já sei
que cada um dos passos
valeu
e cada amor que eu deixei
não chega nem perto do seu

eu vim
porque não resisti
e eu até que tentei
esconder o que senti
e eu só me provei
que é impossível mentir para si

eu vim
porque meu coração quis assim
ele que decidiu
o que é melhor pra mim
ele viu o que viu
e eu vim

eu vim
agora diz que sim
diz  que sim

eu sei
que disse que não ia vir
mas algo me fez desistir
do que falei
e eu vim

eu vim
por não aguentar a distância
foi por sentir saudades
como sentia de meus pais
na época de minha infância

eu vim
por querer
eu vim
sem querer
mas eu vim
agora diz que sim

eu vim
pra saber
se ainda me quer
e eu só posso ouvir
você me dizer
uma coisa qualquer
que não seja pra eu ir.

Das notas

independente das notas que você tomar
eu vou falar
independente das notas que você tocar
eu vou cantar
independente das notas que você me der
eu vou fazer o que você quiser

domingo, 4 de outubro de 2009

Dos passos dados

os passos
lentos, trêmulos e encurtados
e o calçado mole e leve

os passos
fortes, ritmados
e o coturno preto e pesado

os passos
firmes e delicados
e o salto fino e alto

os passos
leves e dedicados
e a sapatilha rosa e lisa

os passos
imprecisos, desajeitados
e o pé descalço

os passos dados

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Os dois lados da história

tanto faz você falar
apesar antes ou  porém no meio
eles vão reclamar
e vão dizer que é muito feio
a afirmação contraditória
cabe a você explicar
e se precisar repetir
cada lado da história
que se tem pra discutir

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Faltou dizer

sem falar dos embaraços
dos devaneios que não voltam
sem esquecer dos abraços
dos braços
que me envoltam
se revoltam
se propõe
e novos caminhos abre
sem falar dos lugares
pra ver antes que o mundo acabe
onde o Sol se põe
onde a Lua nasce
onde brotam os amores
e afagam-se os cabelos
onde criam-se os temores
para depois combatê-los
de pensar nas agonias
nos olhos embotados
combatendo o próprio orgulho
e fazer das fantasias
sentimentos desbotados
na caçamba de entulho
de contar o tempo
pras horas
passarem
e abrirem
passagem
pras novas que vem
de perceber
que não é pra sempre um coração
mas talvez seja uma paixão
e fazer
então
de cada momento
um verso
único, imperdível
que não podia faltar
nesse poema disperso
que eu fiz só pra falar
que entre tudo que eu falei
faltou dizer que te amei.

Criação

eu tinha me perdido
mas aí eu me lembrei
que na natureza é proibido
então eu me transformei

terça-feira, 29 de setembro de 2009

De propósito

sou o meu próprio propósito
num raciocínio ilógico
vejo o que quero ver
mirando o mesmo lugar

faço tudo o que posso
pensando em tudo o que quero
e continuo incompleto
nesse tempo que espero

não quero discutir
o que foi colocado em pauta
os termos da oração
explicam o que me falta

nego o que tenho sido
entre a loucura e a sanidade
e não tento fazer sentido
na minha própria realidade

é uma ilusão verdadeira
do que eu sinto da vida
ou me afogo ou decolo
ouvindo uma banda inteira
tocando a canção repetida
todos no mesmo solo

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tão provável

Viver é preciso
É preciso viver
Mas é tão impreciso
Que não dá pra saber
É preciso viver
Tudo o que há pra viver
Pra que saber?
O amanhã ser tão incerto
É tão belo
E tão certo
É tão vivo
É preciso viver
Mais que sobreviver
Sobreviver é tão luta
E viver é tão paz
Tão amor
Tão liberdade
Saber viver é tão mentira
Quanto verdade
Saber viver é tão mais que
Sobreviver
É preciso viver
Tanto quanto morrer
Mesmo sem saber 
Também
O que é esse morrer
Mas é preciso viver
Pra morrer
Mas não só pra isso
É só o fim
Ou seja lá o que for
Mas não é o começo
Pelo menos pra mim
Porque eu já vivi
E disso não me esqueço
É preciso viver
E viver muito mais
Do que já viveu
Cada qual
É preciso viver
E não é nunca igual
Sem saber
Mas é preciso
E tão provável
Provar do viver
É preciso viver.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quase-soneto da desilusão

Saiu de onde estava
bateu a porta
convicto ele estava
de que mais nada importa


Se desfez dos amigos
Largou o cargo no emprego
Vendeu os móveis antigos
contou seu maior segredo



não acreditou mais em ninguém
nos políticos, na mulher, na sacristia
nem na paz em Jerusalém


seu mundo estava no chão
e ele ainda não sabia
que era a tal da desilusão

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Luz

luz é menina
esperta, atenta
nunca sai do eixo
enquanto se movimenta
luz é moça querida
e cuida de ti tão bem
luz valoriza a vida
luz não magoa ninguém
e sempre que você aparece
te recebe com o sorriso aberto
luz, nunca se esquece
te quero sempre por perto

Protocooperação

as poesias que estão por aí
e eu descubro
me ajudam
a me descobrir

e assim me reconstruo
num singelo movimento
de desconstrução
das poesias que descubro

desconstruir
sem destruir
de uma maneira segura
pra erguer novos patamares
na minha velha estrutura

embriagada de amarras
velha estrutura de papel
que aceita a lapidação
da construção de seguras
experiências alheias

o alicerce intangível
e as vontades que eu trazia
eu lapido em minha vida
como lapido a poesia





Por Pedro Rocha e Pablo Pereira

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Do tempo

não te esqueças que o tempo
é recurso tão finito
quanto o canário, a bauxita, o palmito
mas não se caça, não se extrai, não se planta
ele passa e não volta
e nada que faças adianta.
não se recupera o tempo perdido
é como o leite derramado
daquele velho ditado
e não como a água do rio
que um dia pode te encontrar
num banho de chuva ou num banho de mar.
fica só um vazio
em você
que assiste o tempo que passou
ou o tempo passar
ao ver que nada mudou
e talvez não vá mudar.
fica de olho no lance
resiste
insiste
antes que fique fora de alcance
esse que não deixa indícios
aproveita da maneira mais pura
pois como o amor de Vinícius
é infinito enquanto dura


segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Minhas coerências tão incoesas

não vou me ater à mentiras bem contadas
à sinfonias incompletas
à fé cega
nem às mínimas e máximas
nem ao céu parcialmente nublado
não quero acabar do lado errado
todo queimado
não me façam participar
eu não sinto nenhum ódio
nem quero um motivo
pra ter do que me vingar
mas não vou me calar
mesmo sabendo
que uma só palavra
é possibilidade
para mil arrependimentos
não vou parar de rir
da cara de mim mesmo
o protesto vai chegar às ruas
em forma de piada
quem entender vai rir
e quem não, também
mesmo sem achar graça
e graças a alguém
a inércia talvez se desfaça
num movimento tão sutil
quanto a mudança de aceleração
de um ponto material
que brutalmente
muda a direção
do todo corpo extenso
numa fração do momento


não vou me calar
não há tempo para arrependimento.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Fui falar de amor..

quando eu falava de amor
falava sempre do meu
de uma mulher, uma paixão
ou de algo que aconteceu.
e aí ninguém entendia
o que eu dizia à caneta
e aquele amor parecia
coisa de outro planeta.

Que  coração inocente
Que ainda não percebera
Que amor é uma coisa da gente
Que só uma pessoa entende
Que é aquela que o sente.

pra escrever de amor
tem que dizer do amor total
de uma forma imparcial
como ele é no geral
e o que todo
ou quase todo
tem de igual

aquele aperto no coração
que não é no coração
geralmente é na barriga
e o coração acelera,
não aperta.
amor é quando suas respostas
nunca parecem a certa
ou quando todas as suas perguntas
parecem estar respondidas
amor é aquilo que abre
ou sara as feridas
amor é a convicção
de quem se anima ou lamenta
é aquela liberdade
que te acorrenta
amor é contradição
é dizer sim querendo dizer não
e dizer não sem saber o que dizer
é estar tão certo
de não saber o que fazer
é ir ao fundo
sem sair do lugar
ganhar o mundo
em te observar
é ser  tocado
apenas com seu olhar
sentir seus beijos
ainda no meu paladar
é ir e talvez não voltar

é falar de si mesmo,  de como é pra você
é evidente
falar só do amor
não seria suficiente.

amor é contradição.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Que tal?

e hoje à noite?
e se fizermos algo errado?
perigoso,
proibido,
ilegal.
que tal?

Dica

Eu sinto saudades
Eu sinto vontade


Eu sinto muito se te fiz sofrer.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

The Reason

Write sounds like right.

domingo, 13 de setembro de 2009

Parcial

"Nós todos somos, como disse Byron, organizados de modo diferente. Cada um de nós se move dentro das limitações do seu temperamento e preenche apenas parcialmente suas possibilidades."


Kay Redfield Jamison no livro "Uma mente inquieta"

Metafórico

me banho;


a toalha pendurada
no vidro do box
fica ali equilibrada
e a cada pequena gotinha
que respinga do chuveiro
ela fica mais pesada
até que cai pro meu lado
e toma banho comigo
a minha toalha molhada
que, agora,
não serve pra nada

Que queres?

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"


Fernando Pessoa

Protocooperação

as poesias que estão por aí
e eu descubro
me ajudam
a me descobrir

Um sonho de manhã

o sol
,ainda meio tímido,
invade o quarto
pelas frestas da janela

na minha cama
eu estou acordado
ela ainda dorme
de lado, de costas pra mim
e nua

um beijo na bochecha
um no pescoço
um no ombro
um na cintura
um no quadril

enquanto minha mão
desliza insinuante
sobre sua pele

mais um beijo
e ela merece tanto mais

sábado, 12 de setembro de 2009

Igualzinho ao diferente

diferente do que eu havia pensado
me sinto fraco e inseguro
e vejo os erros do passado
assombrando o meu futuro

diferente do que eu tenho querido
não estou naquele lugar
apesar de já ter ido
algo me fez retornar

diferente do combinado
a distância hoje existe
restou aquele recado
pra lembrar de um dia triste

Igualzinho ao diferente
que difere do normal
o pensamento do que sente
tão diferente e igual

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Não chega de saudade

saudades daquele bosque
que ficava logo ali
onde eu ia descansar
pensar ou me divertir
saudades daquela praia
daquele lugar deserto
saudades maior ainda
dos que estavam por perto
saudades  daquele sítio
do amor, da natureza
saudades, que digo eu
é a maior certeza
de que se ama o que viveu
e continuo pedindo
de maneira repetida
para que antes da partida
eu sinta saudades da vida

Dos antônimos

o que não é agudo
- e isso me deixa confuso-
pode ser grave
circunflexo
ou obtuso

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Programando uma visita

Fala Manoel

Como andas por aí?

Aqui não vai nada bem

Tenho que admitir

Apesar da cama que é boa

Não tenho a mulher que quero

E nem sei se vou conseguir


Com a minha biclicleta

De correia estourada

Não me exercito muito

Na verdade, quase nada


Do rei eu não sou amigo

e nem de nenhum governante

o rio está poluído

e o mar fica bem distante


Para me contar histórias

Aqui não tenho ninguém

Por isso conto minhas próprias

Mas já não vejo para quem


Aqui é um mundo vazio

Não há como se aventurar

E os alcalóides que aprecio

Me impedem de usar


Você sim que é esperto

Quando der, mande um postal

E se aqui tudo der certo

Te visito no Natal.

Respostas

E quem se pergunta por onde começar acaba de se responder.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Sensação

nesse mundo minúsculo
que você diz que viveu
o que é o seu crepúsculo
veio a ser o meu breu

se na sua lua nova
a vontade te rodeia
meu mundo se renova
pois pra mim é lua cheia

o teu sol e o teu luar
que o eclipse escondeu
me fez iluminar
pra achar um novo eu

e em meu sonho noturno
que eu não preciso esconder
vejo um ser taciturno
encontrar o amanhecer

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Chuva

olhei pela janela
não tinha nada escrito
mas vi a chuva caindo em itálico
sobre o asfalto em negrito

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Anseio

Não quero nunca ter de me perguntar o que eu poderia ser.

Írrito

meu amor então

se tornou

írrito

não que fora em vão

mas teve esse fim

diferente pra você

do que é pra mim

e mesmo estando

do avesso

(brando)

eu só agradeço


por ter te conhecido

por todo o acontecido

por não ter te esquecido

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Significado

vago ..

tão sozinho – assim

tento achar um significado

do que está vago dentro de mim

vago ..

e mesmo tão ocupado

me sinto vago

num vazio sem fim.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nosso perfume

não quero estar preso ao relógio. e nem preso a você.
não quero viver do que é lógico. nem saber o que vai acontecer
não quero mais te querer
quero certezas. as mais confusas.
quero o perfume em tuas blusas
que eu não consigo esquecer.
quero sentir, quero ver.
Espero;
e o único poder
que quero
(a esmo)
é o poder sobre mim mesmo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Concreto

Fazer o que quer

E quando quer

Liberdade para

Ir e voltar

Criar!

Ir de novo e dessa vez não voltar

Dar o que se pode dar

Amar quem se ama, sem saber porque

Depois de tudo que passou, ter a certeza:

Existir não é igual a viver

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Amar - Elo


um manifesto amarelo
quem me dera ser tão belo

É?

Eu só quero saber o que eu quero

Empuxo

Mergulhou de cabeça

Num oceano

De sonhos antagônicos


Insondável

Insólito

Insistente

Insalubre

Insperado


Submerso. Perdido.


Emergiu aliviado

Em vão, pois embebido


Continuou contaminado.

domingo, 30 de agosto de 2009

De pessoa e coração

e quem sou eu
(submisso)
pra tentar domar
isso
que pulsa assim
involuntário
dentro de mim

sábado, 29 de agosto de 2009

Seja feita a sua

A vontade é o melhor presente que um homem pode receber de si próprio.

(Des)confiança

O futuro vem, o passado vai

Dependendo do que entra

Varia o que sai

Tento me concentrar

Mas minha mente me distrai

E aquele em que mais confio

Desconfio que me trai

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Do amoroso esquecimento

"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?"

Mário Quintana


A simplicidade (complexa) do cotidiano

Estava eu na cozinha de meus tios, sozinho e quieto, cortando queijo prato. Cortando queijo prato num prato. Num prato amarelo. De repente, o som de suaves tilintares se aproximando invadem meus ouvidos e se misturam com as vozes de meus pensamentos. É o som das patinhas magrelas de Sevile tocando o chão. Quando me dou conta ela já está ao meu lado. Lembro-me dela da mesma maneira que me lembro dos meus tios, meus primos, ou Dona Berenice (a dona de Sevile). Lembro-me dela desde sempre. Focinho e orelhas alongados, uma magreza descomunal, cinza (o que denuncia a idade avançada) e duas roupinhas coloridas que parecem bem quentinhas. Ela me fitava com um olhar pidão e opaco. Ela queria o queijo prato que estava no prato. Eu já sabia que ela gostava de queijo. Peguei um pedacinho escolhido a dedo e sem pensar muito atirei na direção de seu focinho, esperando que ela abrisse a boca e já fechasse mastigando o queijo. A cena foi inesperada. Ela não se mexeu. O queijo bateu bem no meio de seu focinho e caiu no chão. Ao mesmo tempo em que fui tomado por um sentimento de decepção, ri sozinho. Depois de um ou dois segundos ela abaixou a cabeça, pegou o queijo com a boca, o engoliu praticamente sem mastigar e retornou a posição que estava. Com o mesmo olhar. E a mesma magreza. E as mesmas roupinhas. E ficou ali até resolver ir embora. Sem ganhar mais queijo.


quinta-feira, 27 de agosto de 2009

I D




olhei pra trás
não enxerguei
os caminhos por onde
passei
mas sei que
de alguma maneira
ficou guardado
pra vida inteira
não no passado
em mim
e só por isso
eu sou assim

É possível

Nem tudo é possível; mas não existem impossibilidades.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Imperfeito

Por mais que você não goste de falar sobre seus defeitos, fale deles. Reconhecer e falar sobre suas próprias deficiências é uma grande qualidade.

Rasante

passou rasante

próximo ao chão

mas foi adiante

sem dizer não

traçou o caminho

e seguiu

e mesmo sozinho

se permitiu

negou o oferecido

que julgou ser errado

e o que fora esquecido

de seu passado

e assim, foi longe



ou ainda está indo...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Incerto

"Você já reparou como nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro?"

Ailin Aleixo

Não em vão

palavras nunca ditas
soam repetidas
quando não são em vão

sábado, 22 de agosto de 2009

Tudo é

A vida é feita de oportunidades.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Ponto de vista


Somos um pouco como as briófitas: Gostamos de sombra e água fresca.

Própria experiência

durante essa existência
reconstruímos nossa essência
à cada nova vivência

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Posso

"Eu não quero fazer o que eu posso, eu posso fazer o que eu quero"

Emicida - Ainda ontem

Certas coisas

têm coisas que podem não ser prioridades
mas valem a pena
e coisas que valem a pena
mas não podem ser prioridades

Caminhando

Com as horas passando tão devagar, você nem percebe que os anos voam. E quando se dá conta, já passou batido por muito do que deveria ter vivido. Mas nunca é tarde para começar a viver. Aí você começa a fazer planos. E decide que vai tocar cavaquinho, escrever poesia, abrir seu próprio negócio, viajar pra Alemanha. E fica desapontadíssimo quando alguma coisa não acontece exatamente como você planejou. Besteira, não se preocupe tanto com os resultados, e sim com o trajeto. Um caminho bem traçado trará sempre bons resultados. Não é procurar um final feliz, nem um novo começo. A caminhada é contínua e você só precisa ter certeza que cada passo dado é o melhor que você pode dar. Afinal, por trás dessa arte da vida, que você acredita estar criando por conta própria, existe um outro artista. Um artista latente, e muito mais criativo que você. Você só precisa estar de alma limpa, mente aberta e o corpo pronto. Sentir, pensar e fazer. E deixar acontecer.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Libertas Quae Sera Tamen

"Liberdade - essa palavra,

que o sonho humano alimenta:

que não há ninguém que explique,

e ninguém que não entenda!"


Cecília Meireles - Romanceiro da Inconfidência

Porquerer

não há nada de errado em querer

tenho meus argumentos

“Não quererás”

não estava escrito na tábua dos mandamentos,

nem foi citado na lista dos pecados capitais

então você pode querer sempre mais

mas saiba sempre o quê

mesmo sem saber o porquê

por que?

porque não basta querer

Pensamento

me escuto.

reluto.

dedos engatilhados,

tento

pensar

no que deveria

sentir.

e só me contradigo

porque estou pensando nisso

escrevo sobre isso mesmo

e acabo sentindo

outra coisa.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Manifestação

Palpites, ações e palpitações

É tudo manifestação

Da mente

Do corpo

E do coração

Get Back

Quando se deu conta

Já estava muito longe

De onde, um dia, pertencera

Havia se perdido

Num labirinto

De suas próprias contradições

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Encontrei perdido no meu caderno

"certa vez crescemos sem medo
quando percebemos o tempo
enxergamos que nem fazia sentido
pensar em coisas inesperáveis
nos tornava percpeptível

quando olhamos aqueles que estão presos
compreendemos a nossa meta
libertar quem pode pensar"

A.S.

Bronze

no coração da metrópole

entre buzinas e fumaça

uma alma grita por socorro

não há mais o que se faça

é agora estátua

bronze

sem mais cor de alma

domingo, 16 de agosto de 2009

Verdade

"Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada."

Clarice Lispector.

Meias verdades

um passo atrasado

caminho

sem volta

um ato vetado

uma revolta

a palavra dita

dissiparidades

meias certezas

meias verdades

movimento estagnado

nessa pseudoliberdade

o ser degradando

o querer o poder

a justiça espiando


e o mundo girando...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Insustentável

Ela odiava essa época do ano em que cada dia que você acorda está mais frio e mais feio. Nesses dias ela não gostava de sair da cama. Mas isso só acontecia uma vez por semana, no domingo, que era seu dia de folga. O dia trinta de julho de dois mil e nove não era domingo. Era uma quinta-feira. O despertador tocou no criado mudo. Pareceu que o som que a despertava todas as manhãs estava excepcionalmente mais irritante. Ela desejou ter mais cinco minutos para ficar debaixo dos cobertores, mas ela não tinha. Espreguiçou-se esticando ao máximo seu corpo, da ponta dos pés à ponta das mãos. Descobriu-se e levantou num pulo só. Sentiu o frio do dia em seus braços e pernas que o pijama não cobria. Todo seu corpo se arrepiou e ela chegou a murmurar alguma coisa. Foi para o banheiro e sentou-se para fazer xixi. Ao sentir o assento gelado arrepiou-se novamente. Caminhou até a cozinha e colocou a água do café para ferver no fogão. Gastou três fósforos pra isso. Enquanto a água esquentava voltou para o banheiro. Ao se deparar com o espelho não se reconheceu. Seu cabelo estava bagunçado, suas olheiras lhe conferiam um ar de cansada e para piorar a situação, uma espinha daquelas amarelas tinha surgido bem no meio de sua testa. Ela que nunca fora gorda, nem perto disso, se olhou de lado no espelho para avaliar a silhueta de seu corpo. Também não gostou do que viu. Lavou o rosto e fez tudo o que precisava no banheiro sem olhar mais para o espelho. Foi vestir seu uniforme de trabalho. Enquanto colocava a calça que ela achou estar apertada, pensava em como estava gorda e no que poderia fazer a respeito. Só parou de pensar nisso quando começou a pensar em quanto odiava aquele uniforme. Lembrou que quando trabalhava naquela loja do shopping não precisava usar uniforme nenhum. Tudo conspirava para que seu dia fosse ruim. O apartamento era pequeno o suficiente para se ouvir do quarto a água borbulhando na cozinha. Foi até lá e no caminho deu três batidas rápidas na porta que ficava a esquerda no corredor. O tempo que demorou para coar o café e colocar o pão, uma faca, a manteiga, o queijo e dois pratos na mesa foi o mesmo tempo que Lucas, seu filho de 11 anos, levou para se levantar e ficar pronto para o colégio. Todas as manhãs eram assim. Ela batia na porta, preparava o café da manhã e ele chegava na cozinha já pronto, de mochila nas costas. O pai de Lucas não estava em casa. Nunca esteve. Na verdade, Joana nunca esteve bem certa em relação a quem seria o pai de Lucas, mas isso era um segredo dela. Só dela. Até sua melhor amiga e sua mãe tinham certeza de que era Sílvio, seu ex namorado que sumiu quando ela engravidou. Mas Lucas nunca precisou de um pai e Joana nunca precisou de um marido. Os dois juntos eram independentes. Tomaram café assistindo desenho animado, como era o habitual. Lucas sujou sua camisa de café com leite, como era o habitual. Joana fez cara feia, como era o habitual. Depois de escovar os dentes os dois desceram o morro da rua onde moravam até chegar no ponto de ônibus. Pegaram o ônibus que parava bem perto da escola de Lucas, lá eles desceram. Lucas caminhou até a escola e Joana ficou no ponto. O ônibus que ela pegava para ir até o trabalho parou no ponto mas ela não entrou. Ela conseguiu ver os vários rostos conhecidos de pessoas desconhecidas que pegavam aquele mesmo ônibus, assim como ela, todas as manhãs, mas com quem ela nunca havia trocado uma palavra. O ônibus foi embora. Em seguida, parou no ponto um ônibus que ela não vazia idéia de onde viera e nem para onde iria. Embarcou. Naquela tarde a vó de Lucas buscou ele no colégio e eles foram pra casa dela.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Humano

Abri mão de meus princípios

Mas não de meus orgulhos

Não de meus vícios

De meus sonhos

Meus valores

Ambições

Fui ver o que o mundo me guardava

Cansei de esperar o amanhã

Decidi que vou arcar

Com todas as minhas decisões

O medo não foi embora

Mas é bom que permaneça

Para que eu não me esqueça

Que sou real

Que faço parte desse todo ao meu redor

A esperança também fica

Também não pode ir

É meu combustível

Para seguir

O ontem não me assombra mais

Agora só temo o futuro

Besteira de um humano inseguro

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Susinto

sinto,

só sinto.

e me expresso num ato

sucinto.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Em foco, sem foco


natureza vs. homem

Sol de hoje

O Sol de hoje já nasceu

E ela nem percebeu

Foi atrás do Sol de ontem

Que há muito tempo se escondeu


E quando ela volta

Pra dizer que nada achou

É sempre a mesma resposta:

“o Sol de hoje já passou”


E assim ela continua

Atrás do Sol, rumo a oeste

Mas ela só acha a Lua

Enquanto o Sol nasce ao leste

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Cai a noite

Cai a noite

Cai a temperatura

Caem uns em tentação

Penso em tudo o que o mundo já viu

Penso em tudo que já caiu

Quantos guerreiros

Quantas edificações

Quantos impérios, governos, nações

Quantas máscaras

Quantos filhos

Quantos pais

E então eu me pergunto,

Quantos mais?

sábado, 8 de agosto de 2009

Passagens

às vezes certezas

são tão passageiras

e as passagens

tão certas


o tempo é curto

o tempo é muito

o tempo que temos

não é mais que precisamos

pra fazer mais que já fizemos

ou mais do que planejamos


certo ou errado

o que passou

é passado

incerto é o futuro

no oceano agitado

ou num porto seguro


e o presente é tudo

é o aqui, o agora

é viver essa vida

não deixar pra outra hora


certezas são tão

passageiras.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O Pensador

Penso no que fiz

E no que sinto

Penso no que pode ser

E no que vou escrever

E quando paro de pensar

Penso no que estou pensando

Penso nas palavras

Não só nas que já existem

Penso na vida

No mundo

No tempo

E no espaço

Penso naqueles que amo

Lembro-me de um abraço

Penso nos que já foram

Penso nos que virão

Fujo da solidão

Penso na saudade

E também a sinto

Penso na verdade

Penso, porque minto

Penso em parar

Mas logo ‘despenso’

Penso, logo existo

perdido num pensamento

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Não por acaso

Vão tentar te convencer

Que até mesmo o acaso

É obra do destino

E que nada é em vão

Nem um pensamento

Nem um sentimento

Nem o sim

Nem o não

Que cair é bom

Para poder se levantar

E que errar também é bom

Para poder se arrepender

E você pode até achar

Que não no seu caso

Mas não por acaso

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Rocha, Pedro Rocha..

Faz tempo que eu quero começar um blog. Não era coragem que faltava, mas preguiça que sobrava. Agora foi! Aqui pretendo mostrar tudo o que é meu (meninas não se animem). Vou começar a postar meus textos, fotos e tudo mais que for surgindo.
Só pra constar, eu não gostei do link do blog. Ficou parecendo uma coisa meio "Bond, James Bond", mas não era essa a intenção, foi a única saída que eu achei. Não aguentava mais o aviso de "Esse endereço do blog não está disponível". Então vai ficar assim. Beijos a todos, especialmente pra Sasha e pra Xuxa.